Este artigo apresenta parte da investigação realizada para a minha tese de doutorado em Ciências da Comunicação defendida em 2019. Ao buscar entender a relação entre fãs e indústrias culturais, encontrei a relação do fandom de Romance e mercado editorial brasileiro, no qual fãs escrevem em blogs, produzem conteúdos para as redes sociais e realizam encontros de fãs em livrarias em capitais brasileiras. Através de contratos oficiais com as editoras nacionais, elas ganham um ou mais livros para produzirem os conteúdos online e atividades offline. Identificando o impacto do papel dessas fãs tanto para o próprio fandom quanto para o mercado, busquei traçar um mapa das mediações das fãs do gênero, baseada na Teoria das Mediações de Martín-Barbero. A metodologia foi construída a partir de uma abordagem etnográfica tanto online (HINE, 2015) quanto offline (ANGROSINO, 2009) e com a criação e divulgação de questionário online para apresentar dados mais quantitativos. (191)
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Como é possível perceber, minha abordagem enquanto pesquisadora foi participante, a qual caracterizo como sendo de uma aca-fã, descrita por Henry Jenkins como um pesquisador que também é fã. Apesar de não conhecer anteriormente as pessoas envolvidas na pesquisa, já era uma leitora voraz do gênero, participando apenas em comunidades online do fandom. (193)
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Conforme os dados coletados a partir do questionário respondido por 723 pessoas, a maioria das fãs de Romance no Brasil são mulheres, heterossexuais, na faixa de 18 a 39 anos, que se identificam como brancas, solteiras, sem filhos, com ensino superior completo, que trabalham ou estudam, possuem uma renda familiar entre 2 a 5 salários mínimos e residem em capital ou região metropolitana. Apenas 3% dos respondentes foram homens. (201)
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Durante a investigação algo recorrente foi ouvir leitoras dizendo que compraram livros porque acharam a capa bonita ou interessante, porque convidava à leitura ou ficaria “bem na estante”. O livro não pelo seu conteúdo literário, mas estético visual, é muito importante, principalmente quando se trata de novas autoras e novas edições. Ou seja, a ideia de que “não se compra um livro pela capa”, pode-se mostrar interessante pela reflexão filosófica que gera, mas em termos concretos de fandom literário é falsa: sim, se compra livro pela capa. (207)
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Outro objeto interessante são as capas artesanais de tecido para cobrir a capa original do livro. (209)
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